
Hoje, aos 21, o ator vive muitos dos conflitos enfrentados pelo protagonista, o adolescente é responsável por liderar um levante contra o vilão Voldemort (Ralph Fiennes). O tom é obscuro, com momentos trágicos, mas o desfecho acaba por celebrar a trajetória do personagem. A certa altura, um longo flashback mostra imagens dos filmes anteriores. Num epílogo, os fãs lançam um olhar ao futuro dos personagens — uma “surpresa” que deve provocar choradeira nas poltronas.
Em certa medida, as experiências de Radcliffe acompanharam as dúvidas do personagem. No decorrer dos episódios, Harry questiona as relações de amizade e poder, além da condição de “predestinado”. À revista GQ, ele confessou que o sucesso dos filmes por pouco não o transformou num adolescente-problema. Durante as filmagens de Harry Potter e o enigma do príncipe (2009), começou a bebericar whisky e frequentar rega-bofes de famosos.
Excessos à parte, o rosto de Radcliffe indica as mudanças de tom da série da Warner, que começou ingênua e se tornou sombria. O diretor inglês David Yates, que conduz os filmes da franquia desde Harry Potter e a Ordem da Fênix (2007), soube aperfeiçoar um “truque” eficiente: sem trair o conteúdo dos livros, produziu fitas de aventura atraentes tanto à plateia teen quanto ao público de superproduções. Os imbróglios amorosos de Harry, por exemplo, passaram a despertar tanto suspense quanto as cenas de ação.
Dividido ao meio, Harry Potter e as relíquias da morte decolou como um “road movie” (em novembro do ano passado) e aterrissa como uma epopeia juvenil, com uma torrente de efeitos especiais (temperadas por 3D) e cenas de batalha que podem lembrar as de O senhor dos aneis. Em comparação à Parte 1, é mais enérgica e vibrante. “É cinema monumental”, resumiu o crítico Philip Womack, do jornal The Daily Telegraph. O jornalista foi o primeiro a escrever sobre o filme. Antes disso, em 2 de abril, uma sessão-teste foi realizada em Chicago, nos Estados Unidos. Os fãs, segundo relatos oficiais, aprovaram o desfecho — e não seguraram as lágrimas nos créditos finais.
Os segredos que cercaram o filme foram dissipados na pré-estreia mundial, realizada há uma semana na Inglaterra — que atraiu uma multidão de anônimos à Trafalgar Square, praça do centro de Londres. Para os leitores de Rowling, não há o que temer: fidelidade absoluta aos originais ainda é um parâmetro que a equipe de produção segue rigorosamente. As revelações que estão no papel, portanto, saltam para a tela. Com a supervisão da própria escritora e a “expertise” de um time britânico pequeno e afinado, as produções não frustram as exigências dos “pottermaníacos”.
Deve estar aí, aliás, a receita da poção que converteu uma fábula infantil na franquia cinematográfica mais lucrativa de todos os tempos, à frente de James Bond e Guerra nas estrelas. “É como entrar em luto”, resumiu o ator Rupert Grint, 22 anos, que interpreta o ruivo Ron Weasley, ao The Guardian. Os fãs, é claro, entendem a sensação mais do que ninguém.
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