Último filme da saga Harry Potter estreia às 23h55 desta quinta-feira



Tudo termina.” As duas palavras secas, que ilustram o pôster do filme Harry Potter e as relíquias da morte — Parte 2, são o suficiente para dar um nó na garganta de milhões de espectadores em todos o planeta. Lamentar o ponto final, no entanto, será inútil: o destino do bruxinho britânico está escrito desde 2007, quando o último livro da saga fantástica baixou nas estantes. A partir das 23h55 desta quinta-feira (14/7), nos cinemas, uma geração de fãs se despede do herói com quem conviveu por mais de uma década.


As expectativas, infladas por uma pesada campanha de marketing, não são exageradas. Na história do cinema de entretenimento, não existe trajetória comparável à de Harry — e não apenas quando se leva em conta uma arrecadação de US$ 6 bilhões em ingressos. Em um conjunto coeso de oito longas-metragens, as aventuras de J.K. Rowling foram encenadas por uma equipe que amadureceu no ritmo dos personagens — e não perdeu, em momento algum, a sintonia com o público. 


O episódio final apresenta um clímax grandioso, e sentimental, para uma franquia que venceu um dos desafios mais difíceis da indústria do filme-pipoca: num mercado que muda a cada mês, a série defendeu a regularidade. Juntos, e sem muitos deslizes, os filmes de Harry Potter narram uma longa história: com início, meio e, agora, a inevitável conclusão. 


“Foi uma experiência extraordinária trabalhar com o mesmo grupo de pessoas por 10 anos. No último dia de filmagem, chorei como uma criança”, contou Daniel Radcliffe, ao apresentador Larry King, da CNN. Quando o londrino começou a interpretar o personagem principal, tinha 12 anos. Em Harry Potter e a pedra filosofal  (2001), era o menino que aprendia a domar os dons mágicos em Hogwarts, uma escola para petizes superpoderosos. 


Hoje, aos 21, o ator vive muitos dos conflitos enfrentados pelo protagonista, o adolescente é responsável por liderar um levante contra o vilão Voldemort (Ralph Fiennes). O tom é obscuro, com momentos trágicos, mas o desfecho acaba por celebrar a trajetória do personagem. A certa altura, um longo flashback mostra imagens dos filmes anteriores. Num epílogo, os fãs lançam um olhar ao futuro dos personagens — uma “surpresa” que deve provocar choradeira nas poltronas.


Em certa medida, as experiências de Radcliffe acompanharam as dúvidas do personagem. No decorrer dos episódios, Harry questiona as relações de amizade e poder, além da condição de “predestinado”. À revista GQ, ele confessou que o sucesso dos filmes por pouco não o transformou num adolescente-problema. Durante as filmagens de Harry Potter e o enigma do príncipe (2009), começou a bebericar whisky e frequentar rega-bofes de famosos.


Excessos à parte, o rosto de Radcliffe indica as mudanças de tom da série da Warner, que começou ingênua e se tornou sombria. O diretor inglês David Yates, que conduz os filmes da franquia desde Harry Potter e a Ordem da Fênix (2007), soube aperfeiçoar um “truque” eficiente: sem trair o conteúdo dos livros, produziu fitas de aventura atraentes tanto à plateia teen quanto ao público de superproduções. Os imbróglios amorosos de Harry, por exemplo, passaram a despertar tanto suspense quanto as cenas de ação.


Dividido ao meio, Harry Potter e as relíquias da morte decolou como um “road movie” (em novembro do ano passado) e aterrissa como uma epopeia juvenil, com uma torrente de efeitos especiais (temperadas por 3D) e cenas de batalha que podem lembrar as de O senhor dos aneis. Em comparação à Parte 1, é mais enérgica e vibrante. “É cinema monumental”, resumiu o crítico Philip Womack, do jornal The Daily Telegraph. O jornalista foi o primeiro a escrever sobre o filme. Antes disso, em 2 de abril, uma sessão-teste foi realizada em Chicago, nos Estados Unidos. Os fãs, segundo relatos oficiais, aprovaram o desfecho — e não seguraram as lágrimas nos créditos finais.


Os segredos que cercaram o filme foram dissipados na pré-estreia mundial, realizada há uma semana na Inglaterra — que atraiu uma multidão de anônimos à Trafalgar Square, praça do centro de Londres. Para os leitores de Rowling, não há o que temer: fidelidade absoluta aos originais ainda é um parâmetro que a equipe de produção segue rigorosamente. As revelações que estão no papel, portanto, saltam para a tela. Com a supervisão da própria escritora e a “expertise” de um time britânico pequeno e afinado, as produções não frustram as exigências dos “pottermaníacos”.
Deve estar aí, aliás, a receita da poção que converteu uma fábula infantil na franquia cinematográfica mais lucrativa de todos os tempos, à frente de James Bond e Guerra nas estrelas. “É como entrar em luto”, resumiu o ator Rupert Grint, 22 anos, que interpreta o ruivo Ron Weasley, ao The Guardian. Os fãs, é claro, entendem a sensação mais do que ninguém.

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